17 abril, 2010

U2

Qual a maior paixão da sua vida? Além de viajar, a minha é música! Sou viciada, doente, dependente. Eu respiro e só funciono com música. Acordo e ligo o rádio antes de levantar da cama. Dia de baixo astral? É só colocar um som bem alto no carro e sair cantando junto que o mau humor se dissipa rapidinho! Minha vida toda tem trilha sonora. Eu consigo lembrar, com detalhes, onde estava e o que estava fazendo, ao ouvir determinadas músicas que marcaram momentos especiais.

Viagens e música, minhas duas grandes paixões, se cruzaram diversas vezes ao longo dos últimos anos, pois muitas das minhas viagens tem sido em busca de shows das minhas bandas preferidas. Até quando eu não viajo necessariamente pra ver um show, acabo descobrindo algum, no lugar onde estou.

A lista de shows fora de casa é grande e variada, indo desde AC/DC até Christina Aguilera, passando por David Bowie, Van Halen, The Police, U2, Rob Thomas, Chickenfoot, Nickelback, Beyoncé, Diego Torres, Maroon 5 e meu xodó preferido, Sammy Hagar.

Sammy Hagar com Mike Anthony na Cabo Wabo Cantina, em 2008

Aliás, os shows do Sammy Hagar vão ganhar um capítulo à parte nesse blog, pois foi por causa do Sammy que tive a felicidade de conhecer um dos lugares mais bonitos e bacanas onde já estive na vida: Cabo San Lucas! Prometo que escreverei sobre minhas viagens a Cabo futuramente.

Entre as bandas que tive a oportunidade de assistir ao vivo, o U2 é protagonista de uma historinha que merece muito ser contada.

Mochilão pela Europa, 1993. Eu no trem, fazendo o trecho Florença – Lisboa. Quando paramos em uma das tantas estações no caminho, uma turma animadíssima invade o vagão fazendo a maior zoeira, todos com camisetas e bandanas do U2. Curiosa, puxei papo com a gurizada e descobri que estavam indo para um show da banda que aconteceria no dia seguinte em Madrid.

Plim!!! Meus olhinhos imediatamente brilharam de excitação!!! Naquela época, nunca na vida eu imaginaria que o U2 pudesse vir um dia a tocar no Brasil. Shows internacionais por aqui ainda eram raros. Pensei... é a minha chance de ver os caras!!!! Mas isso implicaria em toda uma alteração de planos, reservas de albergues e o escambau. Isso sem contar a questão principal... eu não tinha ingresso para uma turnê que estava completamente sold out, a ZooTV. Depois de ruminar o assunto durante a noite, decidi mandar o planejamento às favas e desci do trem em Madrid.

Manhã cedinho, deixei a mochila em um armário na estação e fui direto para o estádio Vicente Calderon. Uma galera já se amontoava em frente aos portões de acesso. Localizei a bilheteria e encarei a guria lá dentro:
- Me vê um ingresso, por favor?

Tive que esperar que ela parasse de rir antes de ouvir que os ingressos estavam, como eu já sabia, esgotados. Boa taurina teimosa que sou, passei os 10 minutos seguintes argumentando com a mocinha que eu era Brasileira, tinha ido até lá SÓ pra ver esse show, que o U2 jamais iria tocar no Brasil, que essa era a oportunidade da minha vida e blá-blá-blá....

Não sei se ela encheu o saco da choradeira ou se apenas se compadeceu da minha dor, mas o fato é que resolveu me dar a dica, com ar de cúmplice e falando meio baixinho:
- Olha, a gente tem aqui na bilheteria alguns ingressos que foram sorteados por uma estação de rádio durante a semana. Se até o horário do show as pessoas não vierem buscar, vamos ver o que dá pra fazer por ti...

Foi o que bastou pra que eu sentasse a bunda debaixo da bilheteria e não arredasse mais dali o resto do dia. Se sobrasse algum ingresso lá dentro, seria meu!!!! Isso deveria ser umas 10, 11 da manhã. Nas horas seguintes, vi várias pessoas chegarem na bilheteria e irem embora com seus ingressos na mão, os felizes ganhadores da tal promoção radiofônica, mas não desanimei e continuei lá plantada.

No finalzinho da tarde, ele chegou... Um coroa com pinta de quem tinha largado a Harley-Davidson logo ali, barba branca, tapado de tatuagens, usando um colete escrito STAFF e crachás onde se lia ALL ACCESS. Na mão, uma maletinha prateada. Se aproximou da bilheteria, trocou algumas palavras com a mocinha (que a essas alturas já era outra mas que também já sabia da minha triste história), deu uma olhada pra mim, guardou na tal maletinha prateada os ingressos que haviam sobrado e veio na minha direção:
- Tu que é a Brasileira que veio pra ver o show e está sem ingresso? Tá aqui! Bom show!

Abriu um sorriso e colocou na minha mão aquele pedaço de papel colorido que me fez a pessoa mais feliz do mundo. Eu vi o U2!!! De graça!!! Na pista!!! E foi sen-sa-cio-nal!!!!!


Depois desse show ainda tive a oportunidade de ver a banda novamente em Buenos Aires em 98 e em São Paulo em 2006! Aguardo ansiosamente o anúncio da turnê 360º para o Brasil ainda este ano ou em 2011!

Bom, só pra não dizer que tudo foram flores, essa história do U2 em Madrid teve um desdobramento inesperado. Depois do show, minha idéia era voltar pra estação pra pegar minha mochila, me acomodar num banco pra esperar o primeiro trem e seguir caminho pra Lisboa. Cheguei lá e dei de cara na porta. A estação só reabriria novamente às 5 da manhã.

Acabei tirando um cochilo ali na frente mesmo, no chão e com frio. Na hora que puxei as mangas do moleton pra tentar me esquentar um pouquinho melhor, pensei... se meu pai fica sabendo disso, me manda voltar pra casa na mesma hora!

Eu parecia uma indigente. Mas que tinha acabado de ver o U2!!!!! Rá! :o)))

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